Penhasco


 Ouvi a alguns dias uma musica que me trouxe você a mente. 

Ela falava sobre memórias, dizia que nos encontrávamos de baixo de um antigo ramo de carvalho.

Caminhamos juntos até uma colina que findava no mar, nesse exato ponto fizemos escolhas diferentes.

A nós dois cabia uma questão muito importante, mergulharíamos juntos ou nos manteríamos sob solo firme no qual ja conhecíamos?

A ideia de se molhar na agua fria do mar não lhe despertava nenhum interesse se quer!

Em mim pelo contrario fascinava, teríamos a chance de explorar novos caminhos juntos, caminhos esses intocados por nós dois.

E então segurei a sua mão e me lancei fronte a imensidão azul do mar, você se segurou firme no alto dos seus vinte e sete anos de idade e soltou a minha mão.

Me debati contra as fortes ondas as quais me lançavam em direção as rochas solidas inertes cravadas no fundo, suportando a pressão do mar. 

Eu não sabia nadar...

Vi por vezes o fundo dentre bolhas esbranquiçadas. Senti o beijo das pedras por todo meu corpo. Perdi o sentido, me faltou ar. 

Rezei por dias para que surgisse um navio, um veleiro ou para que eu fosse forte o suficiente para me agarrar as rochas e não desistir, supliquei para que fosse-me permitido mais um ultimo momento de força para que eu pudesse respirar. 

Meu corpo foi por inteiro coberto pelos lençóis frios. Nesse exato instante eu toquei a face pegajosa da solidão.

E quando eu consegui voltar a superfície pensando ser o ultimo momento de luz pelo qual havia rogado, eu pude te ver me olhando do alto do penhasco, se recusando a voltar para casa. 

Senti uma calmaria, o mar ficou claro, as aguas turvas deram um brilho incrível a imensidão azul.

Da segunda vez em que pude abrir meus olhos o sol tocava minha face aquecendo todo meu ser. Eu continuava no mar, só que por algum milagre ou querer do destino eu havia aprendido a nadar. 

Voltei meus olhos para o penhasco e enfim você já não estava mais lá. Mergulhei com a plena consciência de que enfim havia me tornado um só, agora éramos dois. E então só, pude respirar outra vez! Os peixes me ensinaram a respirar no fundo do mar, eu precisei prometer a eles que eu nunca mis teria medo de me afogar.

É quando tudo parece estar perdido que aprendemos a confiar em nós, aceitar de braços abertos o processo. Sigo só, vivendo um dia de cada vez. As vezes me permito voltar a superfície mas aprendi que raizes são como cordas nos levando cada vez mais fundo no mesmo lugar. 

Sou um peixe, é da minha natureza querer nadar.


Por: Kelviner

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