Raposa de pelagem vermelha
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Este é um romance onde entreguei um pouco de mim. Contém conteúdo para maiores de 18. |
Capítulo Um
Em uma tarde de um sábado qualquer, eu precisava comparecer a um evento onde minhas obras estavam sendo expostas como um livro aberto. Meus poemas, textos e contos de amor estavam escancarados ali mostrando a todos o mais íntimo do meu ser, do homem que sou.
Eu sorria e recebia todas aquelas pessoas uma a uma com um aperto de mão caloroso e um sorriso aberto, admito que eu estava feliz. Na porta ao lado na galeria estava ocorrendo uma exposição de uma outra arte a qual não domino, eu sempre fui fascinado pela pintura mas nunca tive tanta proximidade com a mesma. Eu sempre admirei as obras de um pintor desconhecido, ela assinava com Ada.
Confesso que esse pseudônimo sempre me intrigava e eu tinha uma queda enorme por esse meu fascínio. Então, entrei na galeria, eu olhava vagarosamente pela grade de quadros coloridos dentre ao metal opaco e frio pressionado um contra o outro. Visualizando um a um eu fixei meus olhos em um em específico, era uma raposa com a pelagem toda vermelha com algumas manchas pretas e os olhos negros como véu da noite.
Aquele quadro me fascinou, quis compra-lo no mesmo instante, perdi a noção do tempo admirando-o!
Uma moça de mais ou menos um metro setenta me olhando de cima a baixo se aproximou de mim e perguntou se eu havia gostado também, disse que sim e que era a pintura mais impressionante que eu já pousara meus olhos. Ela sorriu e agradeceu, de início eu não entendi bem o motivo do agradecimento mas sorri respondendo.
A garota me seguiu durante o meu passeio pelos corredores da galeria, ela falava baixo como um sorriso disfarçado nos lábios e um brilho intenso nos olhos. Eu por minha vez senti meu coração acelerado e algumas borboletas no estômago mas não sabia distinguir se era em relação àqueles deslumbres artísticos ou pela presença dela. Eu fui tão rude que nem me lembrei de perguntar seu nome. Ela era incrível, ela sabia muito sobre a arte da pintura e me explicava vagarosamente tudo que sabia.
De repente senti alguém tocando o meu paletó cinza escuro na altura dos ombros enquanto pronunciava meu nome, me virei e era Vanessa, ela cuidava da minha assessoria no evento, com a face um pouco séria ela me disse que eu precisava me pronunciar ano meus leitores sobre o meu tão aguardado livro.
Então a moça do sorriso mais lindo que eu já vi me sorriu mais uma vez e logo em seguida perguntou;
- Olha quem poderia imaginar, então você é o homem por trás do pseudônimo Xamã?
Eu sempre lia seus livros e no fim ficava imaginando como seria o homem por trás daquelas obras, você tem uma mente incrível xamã.
- Sim, me desculpe por não ter me apresentado antes, estou embriagado com essa exposição e com sua presença também.
Eu precisava voltar ao meu lugar e a convidei para conhecer um pouco do meu mundo, ela sorriu e recusou meu pedido dizendo que naquele momento não poderia sair dali, dei-a um abraço forte e quando tentei soltá-la ela me segurou por detrás da gola do meu paletó e disse bem baixinho no meu ouvido, posso contar um segredo? E eu disse que sim, então ela me confidenciou que era ela a responsável por pintar cada um daqueles quadros.
Eu entendi então com ela sabia tanto sobre cada um dos quadros, fui um tolo em não ter notado antes, meus pés não sentiam mais o chão por de baixo de mim e minhas mãos estavam trêmulas também, eu parecia não estar me sentindo bem, naquele instante parecia que toda aquela excitação que eu sentia pelas obras acabara de ganhar um sentido maior.
Se despedindo com um sorriso ela se virou e levou meu coração com ela.
Voltei às minhas obrigações mas não conseguia esquecer aquela mulher, terminei o meu dia, tirei algumas fotos com meus leitores e me dirigi até minha casa.
Em casa logo peguei um copo de whiskey cowboy e meu laptop como era de costume, fiz uma pesquisa completa sobre Ada e onde eu poderia encontrar-me com ela. Eu senti algo entre nós dois mas foi muito em vão, minha busca não me levou a lugar algum.
Nos dias seguintes eu frequentei algumas galerias e uns dois musicais também, tudo na esperança de vê-la de novo, mais uma vez sem êxito.
Capítulo Dois
Ao passar dos dias eu fui me desiludindo e sessei com as buscas por ela. Eu tinha um jantar daqueles elegantes e chatos para ir, coloquei um terno preto com uma camisa bege bem clarinha por baixo, peguei minha carteira e as chaves do meu Corvette ano 1973 e segui sentido ao meu compromisso. Dirigindo por uma rua qualquer meio desatento quase cometi a loucura de avançar sobre a faixa de pedestres e quase atropelei uma senhora, ela segurava uma sacola com algumas frutas e alguns medicamentos tambem, ela se assustou com o barulho do meu carro e veio a cair no chão. Eu saltei do meu carro quase que como num ato heroico e fui na direção dela, levantei-a e pedi um milhão de desculpas. Me ofereci para leva-la onde quer que ela estivesse indo, ela recusou mas eu insisti e acho que por ver o meu desespero acabou aceitando. Carmella era uma senhora elegante, começamos a conversar e descobri que estava a levando ao encontro de sua neta que esperava ansiosamente por ela em uma cafeteria da cidade. Chegando lá eu corri para abrir a porta e fui um cavalheiro como sempre, abri a porta e segurei em sua mão! Acompanhei Carmella no intuito de entregá-la a sua neta e me desculpar mais uma vez.
Quando entramos na cafeteria tive uma grande surpresa, a neta dela era Ada, ela estava ali sentada na minha frente com um vestido vermelho e aqueles olhos maravilhosos me olhando ao lado de sua avó, sem entender bem o por que. Sorrimos mutuamente e caminhamos até ela, Carmella tentou me apresentar a neta porém foi interrompida pela mesma.
- Xamã, quanto tempo não nos vemos! Depois daquele dia eu nunca mais tive a sorte de lhe encontrar novamente. E olha agora, estamos frente a frente, pura obra do acaso.
-Respondi com os olhos cheios e com o coração transbordando de emoção;
- Ada, eu nem sei oque te dizer, eu procurei você incansavelmente mas não tive êxito! Olha eu não creio muito em destinos mas eu sou grato a Deus por nos unirmos novamente.
- Conversamos um pouco e logo me despedi, porque mais uma vez eu tinha um compromisso à minha espera.
Só quando cheguei no lugar onde me aguardavam e percebi que mais uma vez eu não tinha pedido o número dela, não perguntei o nome por de trás do seu pseudônimo e mais uma vez eu não tinha nada sobre ela.
Depois do jantar fui me encontrar com alguns amigos em uma boate, afinal eu sou um homem de 30 anos e ainda preciso me divertir às vezes mesmo em lugares como esse no qual eu não me seria nem um pouco atraído.
Capítulo Três
A festa como se pode imaginar estava tão sem graça e sem cor que eu só queria voltar pra casa, pros meus livros de Charles Bukowski, pros poemas do Carlos Drummond e pra Lispector também.
Eu estava sozinho em um momento encostado ao balcão empunhando minha taça de vinho com um olhar vazio em sentido ao nada, foi quando vi Ada se levantando de uma mesa com várias outras garotas, ela me olhou direto nos olhos e eu pude ver aquele sorriso lindo na minha direção novamente.
Conversamos por horas, perdemos a noção do tempo e enfim eu pude te levar até a porta da tua casa, você toda amedrontada dirigiu meu carro, sorria como uma garotinha de cinco anos e eu estava muito mais feliz que toda a minha vida, eu parecia ter encontrado. sentido de tudo ali mesmo.
O amor nos encontrou finalmente, nos pertencemos. Agíamos juntos como dois completos adolescentes, eram mágicos os nossos momentos. Numa tarde qualquer você apareceu na minha porta e me agarrou antes que eu pudesse dizer Oi, me empurrou pela sala adentro arrancando minha camisa e dizendo que precisava me ter agora. Olhar para toda a imensidão que tu é me fez querer mais, foi quase que impossível resistir a você apertada naquela lingerie vermelha com rendinhas pretas, senti no mesmo instante o meu corpo pulsando por você. Minhas calças pareciam se apertar contra as minhas pernas e foi difícil demais te ver ali diante de mim e não possuí-la. Tomamos algumas taças de vinho branco enquanto conversamos apenas pelos olhos. Eu desejava você enquanto ansiava por mim também. Enquanto eu arrancava seu vestido colocando-a sentada no meu colo, eu podia sentir a sua respiração ofegante implorando por mais, minhas mãos percorriam seu corpo arrancando suspiros poéticos enquanto você me sentia invadindo seu corpo. Quando de joelhos para mim segurei nos teus cabelos com minha mão direita eu te ouvi dizer vem, não para agora, por um momento eu pensei em entregar a você tudo o que eu tinha, com toda força e intensidade que eu podia.
Ouvimos dentre nossos suspiros o som estridente da campainha, tinha alguém lá fora, nos lembramos que esperávamos alguns amigos em comum, dentre eles a sua amada vó Carmella.
Nos levantamos rápido e nos vestimos, demos um beijo gostoso e prometemos terminar mais tarde...
Capítulo Quatro
O assunto já estava ficando chato porque ali naquela sala nenhuma pessoa me chamava mais atenção que você. Deixei meus amigos de lado e me dirigi em sua direção, foi quase que instantâneo você vindo a minha também. Eu quase possuí seu corpo ali mesmo, afinal já transávamos a horas em nossos olhares.
Geralmente eu não sou do tipo que vai direto ao ponto, mas você jogou baixo comigo vindo ate mim e dizendo aos pés do meu ouvido: “essa noite eu quero que você me foda como nunca antes”, isso me manipulou de uma forma impressionante. Não quis que me esperasse por muito tempo, satisfiz sua vontade naquele momento mesmo. Peguei você pela mão e fomos até o meu quarto com a desculpa que iríamos nos trocar, a propósito foi uma jogada incrível você me derramar aquela taça de vinho na minha camiseta branca.
Te ouvi chamar meu nome baixinho quase como um sussurro foi mais gostoso que eu consiga descrever. Te olhar deitada nua na minha cama foi o ápice da nossa intensidade. Quando beijei toda tua constelação com meus lábios pude sentir o arrepio percorrendo por todo teu corpo. O gosto quase imperceptível do suor no teu pescoço me fez ser um pouco mais selvagem do que costumo ser, me controlei, afinal eu não poderia machucar em nenhum sentido a flor que eu acabara de possuir. Sentir seu corpo em contato com o meu foi como se eu pudesse tocar a galáxia inteira com as pontas dos meus dedos. Eu nunca quis me despedir de você antes e agora não seria diferente. Existe muito mais entre nós dois do que eu consiga descrever. Transar você foi o melhor que poderia ter me acontecido, eu pressionava você contra o colchão enquanto você me envolvia com as suas pernas em torno da minha cintura, minha mão automaticamente prendia-se aos seus cabelos, seus seios preencham a outra. Enfim, eu ouvia aquele gemido baixinho nos meus ouvidos ao te penetrar. Eu podia sentir você jorrar feito água com a boca seca repetindo seguidamente; Me fode amor, fode forte...
Eu soltei um gemido num timbre mais grosso de prazer, a coloquei de quatro para mim e mandei que olhasse nos meus olhos, o suor escorria no meu peito o seu nas suas costas me deixava cada vez mais louco, eu quis que sentisse cada centímetro de mim dentro dela, ela como uma obediência perfeita se rendeu e obteve o ápice do orgasmo feminino bem ali, de quatro para mim.
Capítulo Quinto e último
Quando voltamos sorrindo, de banho tomado e roupas limpas para a sala nossos amigos notaram o quão lindos éramos juntos. O'Que eles nunca poderiam imaginar era o quão cúmplices éramos. Você desfilava entre todos com um sorriso maravilhoso no rosto, as pessoas elogiaram as pinturas que decoravam meu apartamento sem saber que eu vi você pintar cada uma delas, te olhar vestindo apenas uma calcinha de rendas e meias nos pés enquanto pintava era como a realização de um sonho inenarrável para mim. Numa noite de um dia qualquer enquanto te observava lhe escrevi algo:
Se algum dia escolheres partir peço que não me partas ao meio.
Me leve com você, e se em suas mãos eu não puder estar peço que me leve dentro do teu olhar.
Se lembre dos poucos instantes em que nos demos as mãos, só mais um pedido, me leve em seu coração.
Você não me prometeu nada, não me jurou amor eterno mas mesmo assim espero.
Sou dono de um coração bobo, não frequentei a sala onde se ensina a esquecer as pessoas como num passe de mágica.
Me sentei nas carteiras em que se aprende a ser verdadeiro.
Estive presente quando esgarçaram o amor, escancarando-lhe como um mandamento codificado por Deus.
Bebi da taça vermelho sangue que preencheu todos e os lugares vagos com esse amor.
Eu não me contento com um amor vão.
Me faça completo que te transbordarei de amor aos extremos como sou feito.
- Assim finalizo o meu breve relato dos meus dias, essa mulher incrível continua pintando a minha vida dia após dia e eu rogo a Deus para que isso não venha nunca ter um fim. Nos amamos na mesma intensidade que vivemos. O amor não precisa ser perfeito, só peço para que nunca desista dele, se não desistir eu prometo que ele ainda irá te surpreender.
Ass: Xamã
Por: Kelviner Nunes.
Enquanto lia, pude sentir cada momento como se estivesse presente. A angústia do desencontro e a ansiedade em viver aquilo que sua alma anseia. E por fim, a paz de um amor tão esperado.
ResponderExcluirVocê notou a essência do que eu pretendia passar nesse texto, estou aqui imensamente lisongeado e grato em tê-la como minha leitora. Muito obrigado.
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